Entende-se por
imagético o documento que possui algum tipo de imagem, seja uma foto, um
desenho, pintura etc. A imagem pode ser utilizada para retratar algum
acontecimento, auxiliar no entendimento de um texto, provocar reflexões, dentre
outros critérios definidos pelo seu autor.
Parece certo afirmar
que sempre que o documento imagético estiver em um arquivo ele é um documento
de arquivo. A grande questão que se coloca diz respeito a como trabalhar esse
tipo de documento dentro do arquivo. Uma imagem avulsa, fora de seu contexto e
sem informações adicionais é quase impossível de ser descrita e, em alguns
casos, compreendida. Quando isso acontece, esses documentos correm o risco de
serem organizados de forma a inutilizar suas informações, podem ser
classificados como algo completamente diferente de seu propósito.
Em alguns casos é
possível contatar o autor da imagem, e assim coletar as informações necessárias
para a descrição e devida classificação do documento, mas quando isso não
acontece cabe à organização arquivística fazer pesquisas em busca de sua
interpretação, podendo ou não alcançar o sucesso na atividade.
Os documentos
imagéticos produzidos por uma instituição devem ser organizados respeitando os
princípios arquivísticos, como o princípio da proveniência, para que não sejam separados de seu contexto original, e ofereçam as
informações necessárias para atender ao usuário.
Em um arquivo, a maior
ocorrência de documentos imagéticos é de materiais fotográficos. Os métodos e
processos de conservação e restauração desses documentos já são muito bem
definidos, compreendidos e aplicáveis, porém o tratamento das informações
contidas neles é bem mais complexo do que parece. Por essa razão, Maimone e
Tálamo (2008, p. 1) defendem a idéia de que
“os documentos
imagéticos, embora tenham crescente presença e importância social evidente
tornam-se objeto de tratamento mais tardiamente, tornando urgente a criação de
metodologias específicas segundo tipologias documentárias que vão se
constituindo à medida que avança essa discussão”.
Existem várias
propostas de descrição do conteúdo de imagens, e cada instituição acaba
escolhendo a que melhor se encaixa a suas atividades, mesclada ao conhecimento
prévio de quem o faz e suas experiências anteriores, o que pode ocorrer em
interpretações errôneas do real objetivo do documento.
No final das contas,
cada um interpreta uma imagem de uma forma diferente, mas o que realmente
importa é se a ideia da imagem, seu propósito, está sendo ou foi alcançado.
Por outro lado, segundo
Manini (2002), citando Smit, “a descrição de uma imagem nunca é completa” tendo
em vista que “por mais que se privilegie um detalhamento minucioso na tentativa
de dizer verbalmente o que se vê na imagem, sempre haverá algo a se perguntar
sobre ela”. É nesse sentido que se destaca o papel do profissional da ciência
da informação que manipulará esse material imagético. Ele deverá extrair do
documento imagético aquilo que possa interessar ao seu pesquisador usual,
fornecendo uma informação o mais pronta possível para ser transformada em
conhecimento.
Nas palavras de Manini
(2009),
“o profissional
da informação que quiser trabalhar com fotografias precisa se preparar
minimamente para lidar com questões ligadas não só à técnica fotográfica, mas
também com a narrativa proporcionada e encadeada pelo fotografia. Deve-se aliar
esta nova forma de olhar o documento fotográfico com a prática indispensável da
pesquisa: sempre será necessário relacionar imagens entre si e imagens com
textos e outros documentos, afinal o arquivo é um organismo pulsante que
transpira significados”.
Por essa razão, a
leitura construída pelo profissional de informação a respeito do documento
imagético deverá bastante cuidadosa, visto que será a partir dela que se dará,
bem ou mal, o acesso aos documentos. Assim, “o tratamento da informação
imagética é essencial para a recuperação da informação já que permite, por
intermédio da análise de conteúdo dos documentos, sua representação informacional”
(Maimone e Tálamo, 2008, p. 4). Eis o grande desafio dos profissionais
da Ciência da Informação, transformar o imagético em informação.
REFERÊNCIAS:
MANINI,
Miriam P. Análise documentária de fotografias: leituras de imagens incluindo sua
dimensão expressiva. Disponível em www.repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/946/1/ARTIGO_AnaliseDocumentariaFotografia.pdf.
Acesso em 23/04/2012.
MANINI,
Miriam P. Aspectos informacionais do tratamento de documentos fotográficos
tradicionais e digitais. Disponível em
www.dci2.ccsa.ufpb.br:8080/jspui/handle/123456789/430.
Acesso em 23/04/2012.
MAIMONE,
Giovana Deliberali; TÁLAMO, Maria de Fátima Gonçalves Moreira. Tratamento
informacional de imagens artístico-pictóricas no contexto da Ciência da
Informação. Disponível em www.dgz.org.br/abr08/Art_02.htm.
Acesso em 23/04/2012.
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